30 de março de 2011

DETRÁS DE UM BOM TORCEDOR HÁ SEMPRE UMA BOA MULHER

Por Felipe Bigliazzi


Detrás de um bom torcedor há sempre uma boa mulher. A frase escrita por Paulo Coelho, Chico Buaque, ou qualquer outro vencedor do premio Jabuti, pôde ser vivida na pele por este contista. Eis que em pleno domingo porteño tivemos que abreviar o corajoso passeio pelo bairro de La Boca - vestido com a camiseta celeste e branca em pleno território bostero - por um mais do que nobre motivo: Racing e Estudiantes disputavam a ponta do Torneio Clausura em um jogo, que a priori, apresentava ingredientes picantes.


O relógio marcava 4:15, 4:30, 4:40...não lembro ao certo. Alertei a pequena que precisávamos voltar ao centro, degustar uma pizza de mussa e partir rumo a Avellaneda. Apesar de um pequeno fastidio, Lili, incondicional como sempre, rumou em comunhão até a sucursal da Ugis - localizada entre a linda Avenida de Mayo e a não menos charmosa 9 de Julio. Degustamos 3/4 da baratíssima pizza a la piedra - por 12 pesos, o equivalente a 5 reais - partindo com certo apuro para tomar o ônibus 100. Logo ao chegar ao ponto, pudemos ver uma boa quantidade de torcedores do Racing. Apesar do atraso, os hinchas adentravam ao coletivo de forma cordial. No entanto, o motorista, em uma mistura de cinismo e má vontade, ameaçou deixar a toda coletividade racinguista no estádio do rival Independiente.


Nem bem Lili depositava os dois pesos e cinqüenta centavos no cobrador mecânico, quando um educado mexicano nos acercou perguntando a respeito da disponibilidade de ingressos. Contamos nossa saga, quando dois dias antes, ao chegar a Avellaneda para adquirir as entradas, nos deparamos com uma massa de peronistas e servidores públicos - pró- Cristina Kirchner - caminhando rumo ao estádio do Independiente afim de presenciar o comício da atual presidente.Leonardo, fanático torcedor das Chivas de Guadalajara, vagava a dias pela Argentina como um fervoroso turista futebolístico. Já havia visto o River Plate frente ao Arsenal em Sarandí, assim como na rodada anterior, ao Independiente em Avellaneda contra o Newell's Old Boys.


Junto ao azteca estava o seu colega Jordi. Catalão, e obviamente, culé honorário, perguntava-me sobre a geopolítica do futebol brasileiro. "Quem é o clássico rival do São Paulo?". O Grêmio é do sul do país, não é mesmo?. Aos poucos a paixão em comum pelo time da Catalunya foram tomando conta. A empolgação ao falar de Xavi, Iniesta, Guardiola, Messi... nos fez perder de vista o trajeto do ônibus .Eis que sucedeu o temiamos: a confirmaçao da ameaça. Aquele hijodemilputas, disfarçado de motorista, desviou do Cilindro de Avellaneda nos deixando a quase 1 km do estádio.


Lili, como uma grande mulher, não reclamou de nossa desatenção, tampouco da interminável - logicamente para ela - charla futeboleira entre aqueles três amantes do esporte bretão. Ao chegar ao estádio, Jordi e Leonardo, foram em busca de suas respectivas entradas, enquanto a bela Lili e este singelo contista, entraram na superlotada arquibancada inferior do Juan Domingo Perón. Logo ao entrar, o desespero foi total. Olhávamos um para o outro, não acreditávamos. Haviamos gasto 180 pesos para ver apenas a careca lustrosa de Juan Sebastián Verón? O meu Racing era líder, estava jogando bem, e tinha pela frente o atual campeão argentino.Era o suprasumo da viagem.


No entanto, este contista quando em Buenos Aires costume incorporar a alma tangueira, e como um bom aprendiz gardeliano, abdicou do último degrau com vista para o campo. Em troca: a proteção de Lili. O time local entra em campo, e a festa é de arrepiar pentelho de cadáver de qualquer IML que se preze. Após a tradicional chuva de papel picado, a Guardia Imperial - como se denomina a barrabrava do Racing - exibe sob nós, um imenso bandeirão de não menos de 100 metros.


O jogo começa e não há o que festejar. Segurando em seus delicados braços, pendurava-me entre os privilegiados que dominavam o último e cobiçado degrau do portão 12. Pelos gritos, aplausos e certo entusiasmo, pudemos enfim ter uma boa notícia: o Racing era superior e el Demonio Hauche já havia criado duas situações de razoável perigo a meta defendida por Agustín Orión. Porém, Paulo Coelho, Chico Buarque, ou qualquer outro vencedor do prêmio Jabuti tem sempre a razão. Não cabem dúvidas: a melhor companheira de estádio é uma boa mulher.


O fato é que graças aos empurrões de Lili, consegui me equilibrar, roubar 20 ou 30 cm do último degrau e assim, pude avistar o jogo com a ponta dos pés. Já corriam 12 minutos e o Estudiantes já havia conseguido conter o ímpeto inicial do Racing. Os comandados de Toto Berizzo, ao melhor estilo de seu mestre - Marcelo Bielsa - pressionava o Racing em seu campo, com Iberbia e Gabriel Mercado combatendo os avanços laterais de Ivan Pillud e Lucas Licht. Enquanto isso, os inoxidáveis - Verón e Chapu Braña - apelavam ao vigor para controlar Claudio Yacob e Pato Toranzo.


O treinador pincharrata, sagazmente, pediu para que Enzo Perez rodasse pelo lado direito afim de confundir a marcação de Claudio Yacob e Lucas Licht. Aos poucos o cotejo ficou a feição do Estudiantes. Acostumado com jogos decisivos, os experientes volantes do time de La Plata fizeram com que o cortejo se transformasse em uma batalha de meio campo. Os lances de gol eram nulos, tanto que a dupla de atacantes formada por Hernán Rodrigo Lopez e Leandro González, assistia a partida de um setor vip do campo.


Contudo, o atual campeão argentino conseguiu um par de faltas da entrada da área - perigo latente para qualquer rival, tendo em o talento incomum de La Brujita Verón ao bater na bola. O Racing vivia de meros lampejos de Gabriel Hauche. O ex- Argentinos Juniors era a única peça ofensiva a vencer o seu duelo, no caso, pelo flanco esquerdo, contra o canhoto Facundo Roncaglia. A Guardia imperial alentava. Os jogadores pressionavam, mas as chances de gol eram nulas. O matreiro Estudiantes de La Plata, tocava e tocava, esfriando o afã racinguista. E assim, com a redonda nos pés de Verón, se foi o primeiro tempo. Lili agradeceu.Suas mãos cansadas de me empurrar, latiam de dor – assim como a minha rígida panturrilha.


No intervalo, mesmo com nossas bexigas gritando e pressionando a uretra, guardamos posição. Merecíamos ou não menos ver a etapa final? Conquistamos dois ou três degraus, e assim, o lindo campo do Cilindro pode ser contemplado. Na volta ao gramado, a Guardia Imperial protagonizou algumas cenas insólitas. Aos gritos de "Vamo Academia, que tenemos que ganar. Esta hinchada, no te deja de alentar", os comandados de Miguel Ángel Russo voltaram para a etapa final com uma postura mais agressiva. Adiantaram suas linhas, deixaram a bola e os 11 pincharratas dentro de seu campo. O rosto de Lili me dizia que finalmente, estava mais do que me acompanhado naquele programa inusitado. Enfim, Lili desfrutava do delírio coletivo.

A vibração do estádio era contagiante. Teófilo Gutierrez, que passara todo o primeiro tempo isolado, estava afim de jogo, pedindo bola e marcando a saída de bola. El Payaso Lugüercio, outra figura apagada até então, se fixou pela extrema direita e assim o Racing voltava a vestir o traje de líder, suplicando protagonismo. Trocavamos olhares, caricias. Lili se movia, olhinhos ao céu. A protegia, guardava o seu atributo vital com um abraço tipicamente placentero. Não havia outra forma de evitar o empurra-espurra e os desrespeitos de plantão. Antes disso, pudemos cantar junto as demais 41.998 almas:” Vamo Vamo Acade!Vamo Acade! Vamooooooooo La Acade”. Creio que se passaram dois ou três minutos, e a canção seguia intensamente em nosso imaginário.


Neste meio tempo, Verón foi hostilizado bem de front para aquele casal brazuca. Foram 30 segundos, nada mais do que isso. Tempo suficiente para que conseguissemos nos juntar ao coro e insultar o grande maestro argentino. “Verón puto. La Concha de tu madre!”. Justamente Verón, travava naquela partida o duelo chave pelo domínio do meio de campo. Peito estufado, e elegância de um clássico meia argentino dos anos 60, Claudio Yacob era a aduana migratória da celeste e branca: tudo passava por ele. Verón grudou em Yacob, e o confronto ficou atraente. Dos 10 aos 20 minutos, o volante do Racing se transvestiu de brujita, comandando a Academia rumo aos seus melhores momentos.


Aos 15 minutos, após intermináveis e precisos passes, Yacob encontrou Teó Gutierrez. O goleador cafeteiro dominou com o peito, deixou a redonda cair e de forma apoteótica desferiu um lindo voleio: gol e avalanche na arquibancada local. Lili ficou assustada, imaginando o perigo da ação. Aguerrei a mineira pelo quadril, preparando os efeitos do tradicional festejo da Guardia Imperial. Eis que erroneamente, o bandeirinha não percebeu que Leandro Desábato dava condição ao colombiano, e assim, o zero permaneceu no placar.


No meio de semana, o Estudiantes havia goleado o Guaraní pela Libertadores, e o cansaço era latente. O León platense se limitava a esfriar o jogo com faltas táticas.Tanto que Leandro Desábato e Rodrigo Braña escaparam do cartão vermelho graças a complacência do glorioso referí. Nos minutos finais, somada a imprecisão nos passes e toda inteligência do Estudiantes, o Racing perdeu o controle e a visão do gol defendido por Orión. Aquela altura, pensávamos que o empate não era um mal resultado. Seguíamos na ponta, empatando com o último campeão argentino e um calendário totalmente a favor nas últimas treze rodadas.


Eis que aos 39 minutos, Licht tenta a ligação direta para o ataque. Mercado, no carrinho, consegue cortar. Verón, sem titubear, abre para Enzo Perez. Dale contra-ataque. O talentoso meia pincharrata, dá um passe curto, Pablo Barrientos e Franco Zuculini - ambós recém ingressados aos campo de jogo – dividem, e singelamente, como em um filme de seção da tarde, a bola decide ficar nos pés de Hernán Rodrigo Lopez. O atacante uruguaio, que havia passado a tarde toda perdido entre o trio de zagueiros do Racing, domina, vê a Jorge De Oliveira um pouco adiantado, e coloca a redonda bem ali. A Exquisita vaselina - como os argentinos definem o toque por baixo da bola que encobre os goleiros - paralisou todo o Cilindro: festa vermelha e branca e um injusto 0 a 1.


Raiva, impotência, novamente olhares ao céu. Será possível? Assim é o Racing, deu vontade de dizer a ela. Após o jogo, sentados em um famoso café do centro porteño, a doce mineira me confessou que teve vontade de esganar o provocativo goleador, quando o mesmo fez questão de passar na frente da Guardia Imperial com um sorriso irônico e o punho em riste. Com o apito final, surgiu a realidade para todos: a liderança havia escapado. O Racing seguirá com chances de sair do jejum. No entanto, terá de lutar contra esta triste sina perdedora dos últimos anos. Lili, ainda me pediu um colar barato pintado em celeste e branco - Vamo Acade!. Rumo a avenina Mitre, afim de tomar o coletivo de volta ao centro da capital, pude constatar que Lili já era um pouco racinguista. Mais do que isso, Lili me demonstrou que detrás de um bom torcedor há sempre uma boa mulher.

16 de março de 2011

A SAGA DE UM NOVO RACING

Por Felipe bigliazzi


Os fanáticos torcedores do Racing Club de Avellaneda, abrem o jornal e parecem não acreditar. Após anos de desespero e gozação, um dos cinco mais populares clubes da Argentina indica que voltará a disputar um titulo nacional - que não vem desde o Apertura 2001


A temporada 2007/2008 foi caracterizada como um divisor de águas na história recente do Racing. Com uma campanha paupérrima, a equipe comandada por Chocho Llop chegava a temida promoción com a vantagem de dois resultados iguais frente ao Belgrano para permanecer na máxima categoria do futebol argentino. No jogo de ida, em Cordoba, a Academia arrancou um duro empate por 1 a 1 e, na volta em Avellaneda, o gol de Maxi Moralez - em seu último jogo antes de ir para o Velez Sarsfield - decretou o fim da agonia.


Mais do que comemorar a permanecia, os racinguistas deixavam transparecer a esperança com o fim da nefasta gestão da Blaquiceleste S.A - empresa que gerenciou o Racing durante 10 anos com a obrigação de sanar as dividas do clube pós-falência decretada em 1999. Em Dezembro daquele ano, Fernando Molina venceria as primeiras eleições diretas do Racing - pós- Blaquiceleste S.A - e com a confiança de novos tempos, o clube voltava ao poder dos sócios.


Em sua posse, o flamante presidente afirmou: "Nos próximos 6 meses, vamos fazer uma auditoria e trazer 4 reforços de categoria que correspondam com a gloriosa história do Racing".

No torneio seguinte - Apertura 2008 - o conjunto albiceleste sob comando de Ricardo Caruso Lombardi, somaria 22 pontos, ficando na décima quarta posição no certame.


Estava claro, que apesar da ambição de sua nova diretoria, a realidade racinguista apontava para uma nova disputa para fugir da zona de promoción. No Clausura 2009, ainda sob comando de Ricardo Caruso Lombardi, o Racing faz uma bela campanha, terminando o torneio na quinta posição com 30 pontos, e assim, afastou o fantasma chamado promoción.


Com o clube um pouco mais consolidado na primeira divisão, chegou a hora de Rodolfo Molina afrontar a sua primeira temporada completa na condução do Racing - lembrando que na Argentina a temporada começa em Agosto - Porém, a trágica herança financeira da era Blaquiceleste, fizeram o Racing afrontar um duro inicio de temporada, que culminaria com uma pobre campanha no Apertura 2009 sob direção de Claudio Vivas - que assumiu após a renuncia de Caruso Lombardi em meados da competição.

Para o inicio do Clausura 2010, enfim, Fernando Molina cumpriu a promessa, quando trouxe jogadores de peso para o elenco: Gabriel Hauche, Lucas Licht e Claudio Bieler. Este último chegou a Avellaneda com pompa, graças aos gols que ajudaram a LDU a conquistar a Libertadores de 2008. No entanto, em sua primeira temporada, o centroavante não conseguiu liderar o ataque, tanto que no inicio deste ano, acabaria emprestado ao Newell's Old Boys de Rosário.


El Demonio Hauche, então, disputado por todos os grandes times da Argentina, foi contratado junto ao Argentinos Juniors, e assim como o seu companheiro de ataque, não conseguiu alcançar a regularidade esperada. O seu futebol só veio a aparecer no final do último campeonato. Eis que neste começo de ano, junto ao Payaso Lugüercio e ao colombiano Teo Gutierrez, vem formando um tridente ofensivo afinado.


Lucas Licht é um lateral/ala canhoto, formado nas categorias de base do Gimnasia La Plata. Após breve passagem pelo Getafe da Espanha, chegou a Avellaneda para ocupar uma lacuna importante pelo lado esquerdo do campo.

Contudo, após outro péssimo inicio, a diretoria do Racing decidiu dispensar Claudio Vivas, apostando na experiência de Miguel Ángel Russo.


O laureado treinador chegava a Avellaneda com o objetivo se salvar a temporada e somar o maior números de pontos que afastasse o clube da zona de promoción. Com um sistema agressivo o time de Avellaneda se recuperou, somando 29 pontos e terminando o Apertura 2010 na oitava posição. Miguel Russo - quem em 2007 havia trabalhado com Riquelme na conquista da Libertadores pelo Boca Juniors - detectou a falta de bons meio-campistas no elenco.


Eis que com a ajuda de um grupo de investidores, o Racing contratou - por 4,2 milhões de dólares - a nova jóia do futebol colombiano: Giovanni Moreno. Junto ao talentoso enganche, o clube foi buscar Patricio Toranzo - um dos destaques do Huracán, aclamado vicecampeão nacional sob comando de Ángel Cappa, no qual surgiram Defederico, Bollati e Pastore .

A boa campanha do Racing - 29 pontos e quinto lugar - rendeu boas exibições coletivas e um deslumbramento natural da torcida racinguista com o talento exuberante de Gio Moreno. Clássico, elegante e com presença goleadora, o meia cafeteiro indicava que o Racing iria brigar pelo titulo em 2011. Eis que na estreia do atual torneio Clausura - 1 a 0 contra o All Boys - o camisa 10 sofreu uma lesão no ligamento cruzado do joelho direito, que o deixará fora dos campos por 6 meses.


A notícia da gravidade da lesão foi um golpe na ilusão academica. Sem Gio Moreno - que também será um sério desfalque para a Colômbia na Copa América - o mais otimista dos racinguistas tinha a certeza que os deuses do futebol estavam pregando outra peça no sonho de conquistar o campeonato nacional.


No entanto, a chegada de outro colombiano acabaria mudando os rumos do Racing. Vindo do futebol turco, Teófilo Gutierrez, assim como o seu compatriota, chegava a Avellaneda, graças a um grupo de investidores que aportou 1 milhao e meio de dólares. Logo em sua estréia, dois gols de Teo Gutierrez deram a vitoria ao comandados de Russo no clássico contra o San Lorenzo.


Na sequência, uma contundente vitória por 4 a 3 em casa frente ao Olimpo de Bahia Blanca - com mais dois gols de Teo Gutierrez – demonstraram que o clube de Avellaneda iria brigar pela ponta. A confirmação do ótimo momento do Racing, veio na goleada de 4 a 0 frente ao Colón em Santa Fé, com outro doblete do goleador cafeteiro. Ainda na arquibancada, a barrabrava racinguista cantou pela primeira vez: “De La mano de Russo todos la vuelta vamos a dar


De fato o sucesso deste inicio de campeonato tem muito mérito de Miguel Russo. O treinador apostou em um esquema agressivo para substituir a ausência de seu grande craque – Gio Moreno. O Racing atua no 3-4-3. O tridente ofensivo formado por Lugüercio, Hauche e Teófilo Gutierrez tem sido fulminante . Hauche e Lugüercio são peças fundamentais ao esquema, pois recuam pelos lados do campo ajudando no combate aos laterais rivais.


Outra arma do Racing são as jogadas pelo lado direito com as subidas do ala, Ivan Pillud, contratado no fim de 2010, por empréstimo junto ao Espanyol de Barcelona. Pelo lado esquerdo o ala, Lucas Licht, faz uma sociedade interessante com Lugüercio. Justamente, El Payaso Lugüercio vive seu melhor momento no clube, tanto que tem o nome mais ovacionado pela Guardia Imperial - barrabrava do Racing – quando a equipe ingressa ao campo do Cilindro de Avellaneda.


A dupla de volantes do Racing vem atuando de forma esplendorosa, travando no meio de campo e chegando ao ataque com gols e passes entre linhas. Claudio Yacob, recuperado de lesão, foi a grande figura no jogo frente ao Colón, dando dois passes que resultaram em gol, enquanto Toranzo, ao lado de Pillud, fazem do lado direito do Racing sua fonte de saída.

O ponto fraco do Racing, vem da pouca experiência de seu goleiro - Jorge de Oliveira - e do tridente defensivo formado por Cahais, Martinez e Caceres. Porém, ao olhar para a tabela, o mais supersticioso dos racinguistas encontra uma linda coincidência. A tabela da última rodada indica que o clube de Avellaneda deverá enfrentar o Velez Sarsfield, em pleno bairro portenho de Liniers. A ilusão segue intacta, e o importante é saber que finalmente, o Racing tem condição de repetir as emoções daquela tarde de Dezembro de 2001.

10 de março de 2011

BARCELONA, CARNAVAL, FUTEBOL E CINZAS; A ARTE VENCE

Por Marcelo Mendez


O amigo que acabou de pular a maior festa popular do Brasil que é nosso Carnaval, de certo deve ter ouvido falar em Colombina, Arlequin e no afamado Pierrot. O pierrot...Esse personagem criado a comedia dell'art de Paris é um sujeito que passava o ano todo alisando, cevando e cortejando a sua Colombina para, no meio do carnaval tomar uma bola nas costas do feliz Arlequin e passar os 4 dias de folia chorando e se acabando de paixão. Uma triste figura.


Traçando aquele nosso paralelo para falar de futebol, chego a conclusão que em São Paulo, nosso campeonato esta forrado desse personagem. Vejam no sábado; Palmeiras x Santo André jogaram num pacaembu em meio a chuva, frio e penumbra, fazendo jus a este clima com seu pobre e enfadonho futebol. Uma tristeza de se ver. Um 0x0 sem nenhuma criatividade, sem nenhuma alegria ao torcedor que se arriscou a gastar seus parcos trocado para assistir a peleja. E meu Palmeiras segue sua sina do futeboles burocratico.


São Paulo, Santos e Corinthians bateram seus adversários (Linense, São Caetano e Oeste respectivamente) pelos mesmos 2x0 sem maiores esforços. Então o que sobraria para o fã de futebol em meio a um sabado de carnaval? Nada. O deleite viria na terça feira a tarde em mais um show do Barcelona...


UEFA CHAMPIONS LEAGUE: Eita torneio chique!!! Mas eu já falei que nele, até o Beijoca, artilheiro chachacístico do Bahia dos anos 70, ficaria bonito e elegante. Os jogos são jogados em Madrid, Barcelona, Munique, Lion, Milão... todo com status de espetaculo de teatro ou como a mais fina ópera no Scala. O Barcelona com o brilhantismo de seu futebol, segue essa premissa à risca.


Caro leitor, existe no meio do futebol times e idiossincarisias que os caractrizam e o enriquecem. Liverpool e sua torcida, Milan, Real Madrid e seus titulos e nosso Barcelona. Para o time do barça, não basta apenas ganhar os jogos. Futebol para o catalão é muito mais que apenas um jogo, um esporte tão somente. É prova de auto afirmaçãod e um povo, de uma tradição de toda uma cultura que vai a campo junto com a lendária camisa Azul-grená.


O time da Catalunha não se contenta em entrar em campo apenas “Pelos 3 pontos da tabela”. Os 11 jogadores entram no camp nou com a responsabilidade de dar um espetaculo aos seus torcedores apaixonados. Ontém, pelas 8ªs de final da Uefa Champions League foi assim.O Arsenal havia vencido o primeiro jogo na inglaterra por 2x1 e tinha a vantagem do empate contra o Barça. Restava portanto aos gooners saber usar a vantagem e ae é que são elas...


O ótimo técnico Arsene Wenger errou quando entrou com uma postura covarde em campo, para enfrentar 11 homens sedentos por arte e espetaculo. Foi um massacre.O Barcelona conseguiu 74% de posse de bola e jogou o primeiro tempo todo dentro do campo ingles. E numa jogada esplendorosa de Iniesta em um passe digno de um samba do Ze ketti, deixou Messi na cara do gol para tirar o goleiro com um totozinho e marcar 1x0. Para a sorte do Arsenal o primeiro tempo acabou assim. E para a mesma sorte inglesa, o Barcelona fez até um gol contra na volta do segundo tempo. Sergio Busquets meteu contra seu próprio gol, assinalando o 1x1 que interessava para a classificação do Arsenal. Só que o adversário não era um qualquer...


Amigos o Barça poderia ce cercar de cuidados defensivos. Venceria sem encanto, sem tanto transtorno, sem tanto traballho. Mas ae que pergunto, “Que graça teria a vida, sem essas coisas todas, sem emoção??” Pois é.O Barcelona foi todo para cima do Arsenal atras dos 2 gols que o interessava. Cheio de paixão, emoção e aquela furia santa que caracteriza os semi deuses. Teve Iniesta, Xavi, Dani alves, Messi, Adriano... Todo mundo amassando os ingleses e o gol se tornou um questão de tempo. Até ele então era só se divertir. Oras, porque correr atras de um objetivo com tanto sofrimento??O Barça o faz com leveza.


Faz com Messi dando cana, chapéu, drible... Faz com Xavi, um jogador cerebral que rege seu time, tal e qual Dave Brubeck regia Paul Desmond em Take Five. Faz com David Villa acertando uma bola para deixar o mesmo Xavi na cara do gol. Depois do 2x1, o gol de penalti de Messi, foi quase que um presente dos deuses do futebol inebriados com mais uma noite de gala no camp nou. O 3x1 veio porque nada diferente disso seria aceitável. O futebol merece um time como o Barcelona.


Ae penso na gente aqui...claro que não temos a estrutura e as cifras do Barcelona. Mas temos a mesma qualidade e principalmente o mesmo potencial aqui em nossos jogadores. Dorival Junior provou em 2010 à frente do Santos que isso é possivel de ser visto. Então porque diabo que temo que ver essas peladas tristes do nosso campeonato paulista? Que medo desgraçado é esse que os técnicos tem de perder os empregos e por seu time pra frente?


a eu sei que as perguntas não serão respondidas por eles. Então em protesto a isso não me recusarei a escrever sobre um pífio Nororeste x Palmeiras porque eu já sei de antemão absolutamente tudo que irá acontecer na partida. Futebol pobre e previsível. Façamos então o seguinte:Que cada um cante seu samba. E dane-se os burocratas ludopédicos!

1 de março de 2011

O FUTEBOL PAULISTA AOS OLHOS DE LUDIVINE SAGNIER

Por Marcelo Mendez

Ca estamos na Santa Segundona clássica do Canela de Ferro, a coluna futeboleira que não cansa de pecar por paixão. Se é que os disparates cometidos sob tal encanto podem ser considerados... pecados.E falando de encantos, sábado eu assisti novamente UMA MULHER DIVIDIDA EM DOIS do meus mestre magnânimo Claude Chabrol

Dentre todos os seus méritos, Chabrol tinha um feeling apuradissimo para escolher suas protagonistas femininas, tais como Romy Schnaider, Emanulle Beart e no filme em questão, a divina, bela e musa Ludivine Sagnier.Trata-se de uma mocinha francesa, loirinha, pequena, ex-modelo que chegou as telas de cinema através de um filme de François Ozon, de nome; SWIMMING POOL de 2003 quando contracenou com a lendária Charlote Rampling.

Ali, Ludivine fazia uma adolescente safada maravilhosa, uma ninfa que exalava sensualidade por todos os poros mas, por mais ordinário que seja esse cronista que vos redige as linhas tortas semanais, não me seduzi pelas curvas da francesinha. Foi o olhar. Aquela candura meio indefinida do azul daquele olhar, me deixou completamente embasbacado diante da telona. Chabrol percebeu melhor ainda.

Deu vida, atitude e força para a personagem que a menina fez em seu filme e revendo, chego a conclusão que o azul daqueles olhos tem uma divindade, uma sagração tamanha, que com certeza (embora eu creia que ela não ta nem aí pra isso...) possibilitaria a Ludivine hipinotizar o assassino Muhamar Kadhaf, e então convence-lo a pacificar a Líbia e depois sair vestido de Chacrete pelas ruas de Tripoli gritando; “Eu sou a Chiquita Bacana! Eu sou a Chiquita Bacana...”

Caros amigos que poderes inenarráveis tem aqueles olhos azuis. Mas pensando aqui para o tema que motiva nosso encontro semanal cá no Pastilhas... Será que com os olhos de Ludivine Sagnier, o futebol nosso aqui de São Paulo se tornaria algo mais apresentável?? Seria esse um problema de olhos, não tão sagrados como os de minha musa? Meus amigos... Mas que coisa chata que está se tornando o nosso futebol da paulicéia!Uma coisa modorrenta sem nada, absolutamente sem uma gota do desvario de outras paulicéias nobres que tanto fala sobre nossas origens e nossa terra. Que tédio! Começou no sábado com a pelada entre Santos x São Bernardo na Vila Belmiro.

Nem vou começar a falar dos caras que já desfilaram no sagrado estádio de futebol. Os que não são tão sagrados também já propiciaram noites bem mais agradáveis do que esta ultima. O Santos entrou em campo movido pelas idéias mirabolantes de Adilson Batista, técnico muito bom, trabalhador, honesto mas inquieto para o mal. Não consegue ver sua equipe jogando bem por 4 partidas seguidas e na menor brecha possivel ele pensa la com o isotônico dele a beira do campo; “Tenho que mexer, vou causar uma desavença que a paz num me agrada...” E assim fez!

Neymar arrebentou com o sulamericano sub 20, jogando bem, onde sempre jogou; Do lado esquerdo do campo, cortando pra diagonal. Nosso Adilson colocou o moleque do lado direito. Tinha um Maikkon Leite voando, metendo gol, jogando muito e subitamente, não escalou mais o rapaz. Tinha um Zé Eduardo finalmente jogando bem, levando as coisas a sério e sabe lá o diabo porque, escalou o decadente Diogo. O resultado disso foi a inconstância que ce viu em campo no ultimo fim de semana.

O Santos nunca foi senhor do jogo. Atacou o São Bernardo por mera chatice, conveniência estupida. Aqui no nosso futebol, a impressão que temos é que todos os papéis estão definidos em uma peça burlesca, sem a liberdade de improviso algum. Os times pequenos se defendem, entram com 3 zagueiros, 6 caras no meio campo, um solitário homem enfiado no meio dos zagueiros e então, fechadinhos atrás, ficam tomando sufoco e dando chutão o jogo todo. O time “grande” por sua vez, usa três zagueiros, abre dois atacantes para os lados que é para sofrer mesmo! Pelo amor de deus... Se o time usa 3 zagueiros, como, de que jeito, os dois atacantes abertos vão chegar ao gol??? Óbvio que sempre esbarrarão num muro e ainda terá uma sobra pra conte-los. Assim foi na vila belmiro.

O Santos, que dessa vez teve o Zé Eduardo. Não se sabe porque, o atacante começou a cair para os lados e foi facilmente marcado pela zaga do Tigre. Neymar por sua vez, quando fez uma mísera jogada do lado esquerdo que é onde ele tem que jogar, cavou um penalti totalmente mandrake e saiu na frente fazendo 1x0 se nenhum merecimento. Seguia a risca o script do papinho furado do “O que vale são os tres pontos...' Acontece que as vezes o futebol puni isso.

O São Bernardo no segundo tempo não fez nada demais. Apenas avançou o monte de volantes que tinha para marcar o Santos um pouco mais a frente. Quando roubava a bola, estourava portanto em cima da fraca zaga santista. Numa metida de bola, conseguiu achar um jogador lá para driblar o goleiro Rafael e sacramentar o 1x1 que se arrastou chatamente até o final. E nem o azul dos olhos de Sagnier toraria aquilo um pouco melhor!

No domingo não foi diferente.Entre Palmeiras x São Paulo no morumbi teve de tudo; Enchente no Morumbi, piscinão improvisado pelos torcedores nas arquibancadas, apagão, pancadaria em campo, reclamação, cai-cai... em instante algum se lembrava que aquilo era um partida de futebol. O torcedor que esperou mais de 1 hora de atraso para a peleja começar, dormiria se os acentos estivessem sequinhos. Um horror de jogo.

Com o campo feito um pasto encharcado, não deu para ver o ótimo Lucas jogando, Ainda teve os rápidos Fernandinho e Dagoberto dando trabalho aos lentos zagueiros do Palmeiras. Assim abriu o placar com Fernandinho. E venceria o jogo se Alex Silva não fosse tão burro e cavado sua própria expulsão. Com um homem a mais e um atacante de verdade que nem é la essas coisas, o Adriano, o verde de Palestra itália foi pra cima do São Paulo, martelou e conseguiu o mais burocrático e careta dos resultados: 1x1.

Depois do jogo a chatice continuou por coletivas, entrevistas e arredores do inundado estádio do Morumbi. Uma coisa indecente de se ver e acompanhar. Fico pensando se isso tem mesmo que ser assim. Será que não da pra pelo menos uma veizinha mísera que seja, será que não vai ser possível ver de fato uma partida de futebol autentica, com tudo que o torcedor merece ver? Bom...

Enquanto eles não decidirem eu fico com Ludivine...

22 de fevereiro de 2011

UM SHEAKESPEARE TUPINIQUIM ENTRE OS MORTAIS DE CHUTEIRAS E A FÁBRICA DE VILÕES LUDOPÉDICOS

POR MARCELO MENDEZ


E começa mais uma segunda feira aqui no Canela de Ferro, recheada de causos do pós day do futebol brasileiro. Pelo menos em tese deveria ser assim...O amigo leitor que me entenda; Não tenho mais paciência para jogo ruim. Sim, sei que por vezes sou exigente demais. Mas convenhamos né? Sou brasileiro e entre uma das coisas pela quais preza nossa excelência o futebol é uma delas. Não dá para ver jogos modorrentos, enfadonhos como o 0x0 indecente que meu Palmeiras protagonizou conta o Mogi Mirim.

O São Paulo por mais que siga na mesmice de nossos campos, ainda meteu 4x0 no Bragantino com ótimas atuações de Dagoberto e do menino Lucas.Nosso Clássico de domingo, entre Corinthians x Santos tinha tudo para ser um jogão e até que foi um bom jogo. Dentro dos critérios nossos aqui nessa coluna do Pastilhas Coloridas, podemos dizer que foi um jogo correto. No duelo dos alvi negros. O de Parque Sâo Jorge contou com uma partida ótima dos seus volantes Paulinho e Ralf, que facilmente marcaram um Santos que, por decisão de seu treinador Adilson Batista, jogou sem um atacante referencial, optando por dois jogadores mais leves; O cansado Neymar que não para de jogar e um insoso Diogo.


Resultado: 3x1 para o Corinthians, com partida de gala do lateral Fabio Santos, marcador de 2 gols. Pouco se falou portanto da ausência de Roberto Carlos e de Ronaldo, lindamente homenageado no Pacaembu. Mas eu não sei, acho que o foco da crônica tem que ser outro e pensando, não poderia ser de outro, o nosso protagonismo ludopédico:

BOTAFOGO FUTEBOL E REGATAS...

Um tempo atrás, escrevi sobre a choradeira épica que essa equipe protagonizou após a perda de um titutlo carioca. Foi uma nova versão da Ilíada de Homero, botando a grandiosidade dos Épicos de Cecil B. Mille no chinelo. Afinal de contas, o que é um pseudo Épico diante de um juiz ladrão !?! Pois bem...


Na ocasião o clube se sentiu roubado de maneira venal pelo árbitro que segundo eles, deixou de marcar um pênalti contra a esquadra alvi negra e marcou um outro, inexistente para o Flamengo. As câmeras de tv mostraram claramente que o lance do Flamengo foi pênalti e o do Bota, discutível. No final da decisão da Guanabara, vi então 25 homens, suados, esbaforidos, aos prantos, diante de toda a imprensa nacional, dizerem que foram assaltados no maracanã... Para fechar com chave de ouro, vem o Presidente do clube, com a pressão estourando de alta, sem ar e renuncia! Foi mais épico que a Divina Comédia de Dante! Ta... Aí pensei;


Que pecha é essa que acompanha esse time? Voltando na história, encontraremos personagens riquíssimos que vestiram essa camisa e acabaram em semelhante situação de drama; Paulinho Valentin, Garrincha, Heleno De Freitas... A tragédia acompanha a todos. Parece uma via de regra nesse clube tão vencedor. Mas a impressão que me fica é que a grandiosidade das tragédias botafoguenses é maior que seus feitos em campo. Garrincha que foi um dos maiores nomes do futebol mundial morre à míngua com sérios problemas ocasionados pela cachaça; Paulo Valentin, ídolo da seleção brasileira, respeitadíssimo no Boca Juniors da Argentina onde passou com destaque, casado com Hilda Furação quando vivia o auge de sua carreira nos campos, morre pobre e esquecido em Minas Gerais.


Heleno... Ah Heleno...


Heleno merece um livro. Foi um ícone de seu tempo. Jogador elegantíssimo, homem bonito, galante, foi um dos primeiros jogadores a perceber sua enorme importância na vida social da classe alta da cidade grande. Impecavelmente vestido, sempre nas altas rodas, homem de extrema classe, dentro de campo não deixava por menos. Era um artilheiro refinado, desses que chama a bola de “você”. (Tinga de meu Palmeiras por exemplo, pra falar com a Redonda manda ofício...) Teve uma vida conturbada, de mulheres, boêmia e escândalos. Era incompreendido no seu tempo e como tal, morreu em um manicômio em Barbacena. E toda vez que se fala dele, se esquece de comentar o que o homem fez em campo. Então isso é uma praga solta em Marechal Hermes?


Vejamos:Ontem no Engenhãoi o Bota tinha absolutamente tudo para ir a final da Taça Guanabara e terminar uma ingrata freguesia ostentada pelo Flamengo. O time da Gávea, recheado de jogadores comuns como Fernando's, Angelin's Deivide's e mais um “super astro” que não joga, nosso afamado Ronaldinho. Um time medíocre que tem aproveitado uma maré de embalos e sparing’s de 15ª categoria para viver uma enganosa calmaria. Entrou em campo muito mais com nome que com bola comprovada. E nosso Botafogo?


Time certinho. Muito bem arrumado por Joel Santana, contando com bons jogadores como o lateral Marcio Azevedo, com seus dois atacantes de respeito como Herrera e o diferenciado Louco Abreu, contando com ótima fase de Renato Cajá, com o jovem apoiador Everton, tudo muito arrumadinho. Dominou o Mengão o jogo todo. Não tomou sustos nem para sofrer o gol de Ronaldo Angelin num desvio de cabeça que botou o time da gávea na frente. Voltou para o segundo tempo e empatou a pelja numa ótima finalização de Louco Abreu. E então a proximidade com o épico bateu a porta do Botafogo...


Quando tudo parecia caminhar para decisão dos penaltis sem maiores sobressaltos, eis que o Botafogo ataca. Numa tentativa de metida de bola do zagueiro Antonio Carlos para Louco Abreu, eis que a pelota bate no braço de Renato do Mengão dentro da área. Bom...

Se fosse qualquer outro time a coisa terminaria nas mesas redondas de domingo a noite. Mas amigos, falo do Botafogo.


Essa coisa Sheakspeareana que tanto enriquece nosso futebol brazuca. O time de Marechal Hermes é uma fabrica proeminente de epsódios épicos que engradecem a vida dos relés cronistas como este que vos redige essas linhas tortas. Nada no nosso futebol supera os rostos dos torcedores Botafoguenses após uma decisão polêmica do arbitro dentro das 4 linhas. O penalti não foi assinalado! E nem por isso faltou penaltis ontém no Estadio do Engenehão. Tava claro o que ia acontecer...


Na disputa de penaltis que decidiu a vaga para final, o goleiro felipe do Flamengo defendeu duas cobranças e mais uma, de Renato Cajá, foi para fora. O Botafogo perdeu como não poderia deixar de ser. Afinal de contas, tem times que se contentam com as vitórias. Outros, grandiodos como o alvi negro de Marechal Hermes preferem o gigantismo da história, dos Épicos, das Lendas. A história do Botafogo ganha ontém mais um desses capitulos. Claro que a pergunta insiste em perturbar:Que passa com o Bota?O grande Sandro Moreira, jornalista que tanto li dizia que isso é porque “Tem coisas que só acontecem ao botafogo”. Como não sou brilhante como esse meu mestre lhes digo que:Tem coisas que o Botafogo faz de tudo para acontecer com ele...


17 de fevereiro de 2011

UM POUCO DO BORING ARSENAL

Por Felipe Bigliazzi

Boring Arsenal Boring: Eis o termo que marcou aquela vitoriosa equipe comandada por Bertie Mee no principio da década de 70. Com mentalidade totalmente oposta a do time atual, o Arsenal obteve em 1971, a famosa dobradinha. Aquele time aguerrido, definido pelos rivais londrinos - de Chelsea, Tottenham e West Ham - como a equipe mais chata da Inglaterra -adorava vencer os seus embates pela mínima contagem.

Tinha como jogador emblemático, Charlie George; o volante carismático e raçudo, que acabaria entrando para a historia do clube ao marcar o gol do titulo da Copa da Inglaterra, daquele ano, frente ao Manchester United. Prata da casa, George bem que poderia servir como exemplo a ser seguido pelos jovens mimados de Arséne Wenger. Nenhum torcedor do Arsenal pode reclamar da proposta deliciosa do manda-chuva francês. O que incomoda é a falta de títulos, ou melhor dizendo, de grandes vitorias em jogos graúdos. Nesta noite no Emirates, mais do que a sobrevida na principal competição interclubes do mundo, os garotos de Wenger tinham a chance de provar que enfim, podem crescer. Pela frente, o adversário ideal; aquele com quem aprendera a filosofia de que a bola é a bíblia, e o gol, um mero detalhe.

O rival não era apenas o embrião futebolístico, mas também o algoz mais temido e admirado da década. Aquele gol espírita de Belletti, e a atuação hollywoodiana de Lionel Messi, no ano passado, ainda atormentam a cabeça de todos. De Barcelona também vem a peça fundamental de Arséne Wenger.É claro, estamos falando de Cesc Fabregas. O meia catalão, tirado das canteras blaugranas, começou a partida ao lado de Samir Nasri - que voltava de lesão - e do veloz Theo Walcott. Juntos formariam a linha de três armadores do esquema 4-2-3-1, armado por Wenger, com objetivo de pressionar o Barça na sua saída de bola. Nos primeiros 15 minutos, a proposta do Arsenal deu resultado. O Barcelona estava preso, paralisado em seu próprio campo. Mais do isso, o Barcelona estava sem a bola. Antes do jogo, Andrés Iniesta, havia dito que o Arsenal, assim como o conjunto culé, goza quando estão com a bola, e sofre quando estão sem ela. E foi isso que aconteceu. Van Persie teve a primeira chance, após belo passe de Fabregas; e as coisas pareciam florescer no norte de Londres.

Eis, porém, que de repente, o conjunto culé encaixou a marcação. Para conter o tic tic do Barcelona, Wenger escalou Wilshere e Song, como cães de guarda. Ambos deveriam seguir a dupla do momento: Xavi e Iniesta. No entanto, estamos falando da melhor equipe do mundo, e com um ataque rápido, habilidoso, e ainda por cima, imprevisível taticamente, o campeão espanhol começou a criar suas chances. A troca de posições entre Messi e Villa eram um tormento. Na primeira chance, Villa se transvestiu de Messi, e com um passe cirúrgico, deixou o argentino cara a cara para tirar o branco do placar. Com um toque sutil, a pulga tirou Wojciech Szczesny, mas com caprincho dos deuses londrinos, a bola passou rente ao poste, e assim, o melhor do mundo ficou outra vez sem sentir o gosto de gritar um gol na terra da rainha. Com seu 4-3-3, já clássico, o Barcelona começou a dominar as ações. Messi atuava sem posição fixa. Com Song e Wilshere, atormentados com o toque de bola de Xavi e Iniesta, o Arsenal ficava sem um marcador para Messi. Villa que a priori, se posicionava pelo lado esquerdo do ataque, saia em velocidade, confundindo Eboué e toda defesa do Arsenal. E foi justamente assim, que surgiu o passe genial de Messi, para que o artilheiro da Espanha no último mundial, desse um toque sutil: 1 a 0 e silencio no Emirates.

No intervalo, certamente, aqueles barrigudos, semi-calvos, com a sabedoria de um gunner cinquentão, ponderava que para evitar o mesmo final da temporada passada, era preciso ser o velho Boring Arsenal. Não há como vencer o Barcelona jogando apenas com a bola nos pés, o negócio era apelar para o ímpeto de outrora. No banco de reservas, havia certa inspiração. Pat Rice, então lateral direito daquela equipe de 71, estava ali, sentando ao lado de Wenger, como assistente técnico e símbolo da gana que deveria ser imposta.

No segundo tempo, com o afã semelhante aos dos tempos de Rice, o Arsenal retomou o domínio das ações; no entanto, o fator chave para o enredo final, acabaria vindo com as modificações orquestradas por ambos treinadores. Guardiola, que havia sido estagiário de Wenger, recuou o time, apostando em Keita, para tentar conter os avanços de Walcott - que começara a atormentar o frágil Maxwell. No entanto, Guardiola matou o que tinha de melhor até então. Sacando Villa, conseqüentemente, acabaria apagando Messi, já que Pedro estava totalmente fora de ação e aquela alucinante troca de posições no ataque culé estava decretada ao acaso.

Wenger, astutamente, colocou Arshavin pela meia-esquerda. Nasri, inverteu de lado e assim, começaria o pesadelo culé. Para aguçar a pressão, o treinador francês ainda colocaria Bendtner, e assim, o Arsenal terminaria a partida, em um agressivo 4-1-3-2. A audaz mudança seria recompensada.O empate veio em um passe sagaz de Arshavin, que encontrou Van Persie; o holandês, que vive grande fase, ganhou a posição, e bateu aparentemente sem ângulo, mas contando com a falha de Valdés, anotou o empate para delírio da metade vermelha do norte de Londres. Assim, como no passado, o empate deixava o torcedor com sabor a nada. Era preciso vencer.

Eis que, como num capitulo épico de Febre de Bola, Fabregas armou um contra-ataque digno do Boring Arsenal. Nasri dominou, olhou, e assim, encontrou Arshavin vindo na corrida.Entrando em diagonal, o russo rolou com categoria, de primeira, no contra pé de Victor Valdés. Era a redenção. A confiança estava de volta e o orgulho de voltar ao passado e afirmar: para voltar a ganhar dos grandes é preciso um pouco da alma do Boring Arsenal