22 de fevereiro de 2011

UM SHEAKESPEARE TUPINIQUIM ENTRE OS MORTAIS DE CHUTEIRAS E A FÁBRICA DE VILÕES LUDOPÉDICOS

POR MARCELO MENDEZ


E começa mais uma segunda feira aqui no Canela de Ferro, recheada de causos do pós day do futebol brasileiro. Pelo menos em tese deveria ser assim...O amigo leitor que me entenda; Não tenho mais paciência para jogo ruim. Sim, sei que por vezes sou exigente demais. Mas convenhamos né? Sou brasileiro e entre uma das coisas pela quais preza nossa excelência o futebol é uma delas. Não dá para ver jogos modorrentos, enfadonhos como o 0x0 indecente que meu Palmeiras protagonizou conta o Mogi Mirim.

O São Paulo por mais que siga na mesmice de nossos campos, ainda meteu 4x0 no Bragantino com ótimas atuações de Dagoberto e do menino Lucas.Nosso Clássico de domingo, entre Corinthians x Santos tinha tudo para ser um jogão e até que foi um bom jogo. Dentro dos critérios nossos aqui nessa coluna do Pastilhas Coloridas, podemos dizer que foi um jogo correto. No duelo dos alvi negros. O de Parque Sâo Jorge contou com uma partida ótima dos seus volantes Paulinho e Ralf, que facilmente marcaram um Santos que, por decisão de seu treinador Adilson Batista, jogou sem um atacante referencial, optando por dois jogadores mais leves; O cansado Neymar que não para de jogar e um insoso Diogo.


Resultado: 3x1 para o Corinthians, com partida de gala do lateral Fabio Santos, marcador de 2 gols. Pouco se falou portanto da ausência de Roberto Carlos e de Ronaldo, lindamente homenageado no Pacaembu. Mas eu não sei, acho que o foco da crônica tem que ser outro e pensando, não poderia ser de outro, o nosso protagonismo ludopédico:

BOTAFOGO FUTEBOL E REGATAS...

Um tempo atrás, escrevi sobre a choradeira épica que essa equipe protagonizou após a perda de um titutlo carioca. Foi uma nova versão da Ilíada de Homero, botando a grandiosidade dos Épicos de Cecil B. Mille no chinelo. Afinal de contas, o que é um pseudo Épico diante de um juiz ladrão !?! Pois bem...


Na ocasião o clube se sentiu roubado de maneira venal pelo árbitro que segundo eles, deixou de marcar um pênalti contra a esquadra alvi negra e marcou um outro, inexistente para o Flamengo. As câmeras de tv mostraram claramente que o lance do Flamengo foi pênalti e o do Bota, discutível. No final da decisão da Guanabara, vi então 25 homens, suados, esbaforidos, aos prantos, diante de toda a imprensa nacional, dizerem que foram assaltados no maracanã... Para fechar com chave de ouro, vem o Presidente do clube, com a pressão estourando de alta, sem ar e renuncia! Foi mais épico que a Divina Comédia de Dante! Ta... Aí pensei;


Que pecha é essa que acompanha esse time? Voltando na história, encontraremos personagens riquíssimos que vestiram essa camisa e acabaram em semelhante situação de drama; Paulinho Valentin, Garrincha, Heleno De Freitas... A tragédia acompanha a todos. Parece uma via de regra nesse clube tão vencedor. Mas a impressão que me fica é que a grandiosidade das tragédias botafoguenses é maior que seus feitos em campo. Garrincha que foi um dos maiores nomes do futebol mundial morre à míngua com sérios problemas ocasionados pela cachaça; Paulo Valentin, ídolo da seleção brasileira, respeitadíssimo no Boca Juniors da Argentina onde passou com destaque, casado com Hilda Furação quando vivia o auge de sua carreira nos campos, morre pobre e esquecido em Minas Gerais.


Heleno... Ah Heleno...


Heleno merece um livro. Foi um ícone de seu tempo. Jogador elegantíssimo, homem bonito, galante, foi um dos primeiros jogadores a perceber sua enorme importância na vida social da classe alta da cidade grande. Impecavelmente vestido, sempre nas altas rodas, homem de extrema classe, dentro de campo não deixava por menos. Era um artilheiro refinado, desses que chama a bola de “você”. (Tinga de meu Palmeiras por exemplo, pra falar com a Redonda manda ofício...) Teve uma vida conturbada, de mulheres, boêmia e escândalos. Era incompreendido no seu tempo e como tal, morreu em um manicômio em Barbacena. E toda vez que se fala dele, se esquece de comentar o que o homem fez em campo. Então isso é uma praga solta em Marechal Hermes?


Vejamos:Ontem no Engenhãoi o Bota tinha absolutamente tudo para ir a final da Taça Guanabara e terminar uma ingrata freguesia ostentada pelo Flamengo. O time da Gávea, recheado de jogadores comuns como Fernando's, Angelin's Deivide's e mais um “super astro” que não joga, nosso afamado Ronaldinho. Um time medíocre que tem aproveitado uma maré de embalos e sparing’s de 15ª categoria para viver uma enganosa calmaria. Entrou em campo muito mais com nome que com bola comprovada. E nosso Botafogo?


Time certinho. Muito bem arrumado por Joel Santana, contando com bons jogadores como o lateral Marcio Azevedo, com seus dois atacantes de respeito como Herrera e o diferenciado Louco Abreu, contando com ótima fase de Renato Cajá, com o jovem apoiador Everton, tudo muito arrumadinho. Dominou o Mengão o jogo todo. Não tomou sustos nem para sofrer o gol de Ronaldo Angelin num desvio de cabeça que botou o time da gávea na frente. Voltou para o segundo tempo e empatou a pelja numa ótima finalização de Louco Abreu. E então a proximidade com o épico bateu a porta do Botafogo...


Quando tudo parecia caminhar para decisão dos penaltis sem maiores sobressaltos, eis que o Botafogo ataca. Numa tentativa de metida de bola do zagueiro Antonio Carlos para Louco Abreu, eis que a pelota bate no braço de Renato do Mengão dentro da área. Bom...

Se fosse qualquer outro time a coisa terminaria nas mesas redondas de domingo a noite. Mas amigos, falo do Botafogo.


Essa coisa Sheakspeareana que tanto enriquece nosso futebol brazuca. O time de Marechal Hermes é uma fabrica proeminente de epsódios épicos que engradecem a vida dos relés cronistas como este que vos redige essas linhas tortas. Nada no nosso futebol supera os rostos dos torcedores Botafoguenses após uma decisão polêmica do arbitro dentro das 4 linhas. O penalti não foi assinalado! E nem por isso faltou penaltis ontém no Estadio do Engenehão. Tava claro o que ia acontecer...


Na disputa de penaltis que decidiu a vaga para final, o goleiro felipe do Flamengo defendeu duas cobranças e mais uma, de Renato Cajá, foi para fora. O Botafogo perdeu como não poderia deixar de ser. Afinal de contas, tem times que se contentam com as vitórias. Outros, grandiodos como o alvi negro de Marechal Hermes preferem o gigantismo da história, dos Épicos, das Lendas. A história do Botafogo ganha ontém mais um desses capitulos. Claro que a pergunta insiste em perturbar:Que passa com o Bota?O grande Sandro Moreira, jornalista que tanto li dizia que isso é porque “Tem coisas que só acontecem ao botafogo”. Como não sou brilhante como esse meu mestre lhes digo que:Tem coisas que o Botafogo faz de tudo para acontecer com ele...