12 de janeiro de 2011

TOP 5: AS ENTRADAS QUE MARCARAM ÉPOCA


Joelhada na nuca, carrinho frontal, tesoura por trás, voadora nas costas e solada no joelho. O repertório é vasto e, para deleite dos amantes do jogo bruto, preparamos um top 5 com as entradas mais violentas da história dos campeonatos: brasileiro, inglês, argentino e espanhol.

A Copa de 2010 levou ao delírio os não-adeptos do Fair Play. A voadora no peito que Xabi Alonso recebeu de Nigel de Jong serviu como emblema para o torrneio que ficaria marcado por retrancas ferrenhas e truculência desmedida - que o digam Felipe Melo, Van Bommel e Pepe. No entanto, nada se compara a joelhada do goleiro alemão, Toni Schumacher, na nuca do francês Patrick Battiston. A semifinal do mundial de 82 se encaminhava para a prorrogação, quando Michel Platini enfiou um passe milimétrico para que Battiston, que acabara de entrar, ficasse cara a cara com Schumacher. No entanto, o único que o defensor francês encontrou pela frente, foi o joelho do goleiro alemão em sua nuca. Resultado: três vertebras quebradas, além da perda de três dentes. Schumacher fez como se nada tivesse ocorrido. Battiston ficou desacordado, enquanto o arbitro holandês, Cover, aguardava para reiniciar a partida sem ao menos dar a penalidade ou um eventual cartão. Após empate de 3 a 3 na prorrogação, a Alemanha Ocidental bateu a França por 5 a 4 nas penalidades - com duas cobranças defendidas por Schumacher - classificando-se para a final, onde seria derrotada pela Itália de Dino Zoff e Paolo Rossi.



ANDONI GOIKOETXEA EM DIEGO MARADONA

Qualquer documentário sobre Maradona emite a imagem da brutal entrada de Andoni Goikoetxea no tornozelo esquerdo, do entao, maior jogador do planeta. Mais do que deixar Maradona por três meses e meio fora de ação, o zagueiro do Athletic de Bilbao, decretou uma guerra que marcou o futebol espanhol na decada de 80 entre o clube basco e o F.C Barcelona. Javier Clemente, que era o treinador do Athletic de Bilbao, afirmou: "Ellos no tienen nuestra raza.Están hecho de una pasta diferente". Dois anos antes, o mesmo Goikoetxea havia arrebentado os ligamentos do joelho direito do também blaugrana, Bernd Schuster, e a vingança culé viria na final da Copa do Rei da temporada 83/84. Em pleno Santiago Bernabeu, e com a presença do Rei Juan Carlos, o Athletic de Bilbão venceu o Barcelona por 1 a 0, com gol de Endika. Finalizado o encontro, Maradona cobrou sua vingança partindo para cima de Goikoetxea e dos demais jogadores do time basco. O resultado foi uma batalha campal, que culminou com jogadores e até jornalistas feridos. A Federação espanhola sancionou três meses de suspensÃo a Maradona, Goikoetxea e outros quatro jogadores. A sanção abreviou a passagem de Maradona pela Espanha, pois após desentendimento com a diretoria do Barcelona, Dieguito rumou para Nápoles, onde faria história.



SEBASTIÁN MENDEZ EM RADAMEL FALCAO

No dia 8 de Maio de 2008, presenciamos o jogo que melhor representa a Copa Libertadores:Pontapés, cotovelas, bate boca e um final comovedor marcariam aquele River e San Lorenzo válido pelas oitavas de final. Os azulgranas, com nove jogadores, e com um 0 a 2 no placar, foram buscar um empate heróico em pleno Monumental de Nuñez. Os dois gols de Gonzalo Bergessio, levaram o conjunto de Boedo para as quartas de final da Copa Libertadores. Durante o jogo, o atacante colombiano, Radamel Falcao - atualmente no Porto - esquentou o confronto, após um carrinho desqualificador no zagueiro Sebastián Mendez. O River vencia por 1 a 0, quando Falcao deu uma tesoura que ocasionou uma microfratura no joelho direito de Mendez. O calvo defensor sabendo da gravidade da lesão - que o deixou 1 mês e meio parado - partiu para cima do colombiano, onde foi possivel escutar em bom castelhano: "Hijo de mil putas". No segundo tempo, o zagueiro Jonathan Bottinelli reividou da pior forma: dentro da área, deu uma cotovelada na cara de Falcão. O penalti convertido por Loco Abreu deu a impressão que o confronto havia acabado. Ledo engano. Três meses se passaram, até que as duas equipes voltaram a se encontrar pela quarta rodada do torneio Apertura. O jogo que acabou em um empate sem gols, ficaria marcado por constantes entradas desleais e uma verdadeira caça a Radamel Falcão. Eis que aos 47 minutos do segundo tempo, Ojeda cobrou um tiro de meta, e a bola veio justo em direção aos eternos inimigos. Sem titubear, Mendez deu uma voadora cinematográfica nas costas de Falcão - que por milagre saiu caminhando. No vestiário, indagado sobre o ocorrido, o atacante cafeteiro respondeu ironicamente: "Na hora pareceu que tinha sido um empurrão. Foi o pontapé mais leve que levei em toda a minha vida. Foi um arranhão".



ROY KEANE EM ALF ING HALAND

Continuando com a saga: Dente por dente, olho por olho..."Esperei muito tempo.Segura essa, bastardo, eu disse.E nunca mais diga que eu estou simulando ou fazendo cera". Assim, Roy Keane desabafou em sua auto-biografia ao relembrar da mais famosa entrada da história da Premier League. A rixa era antiga. Em 1997, em jogo entre o Manchester United e o Leeds United - Roy Keane em disputa com Haland - torceu o joelho e ficou fora dos gramados até o fim daquela temporada que consagraria o Arsenal de Arsene Wenger como campeão. Ainda no chão, Roy Keane teve que escutar insultos do zagueiro norueguês, que o acusava de simular a falta. Em 2001, já atuando pelo Manchester City, Haladans foi vitima da vingança do volante irlandês. Com uma entrada mais do que criminosa, Keane fraturou a perna de Haladans,e assim, abreviou a carreira do zagueiro da seleção norueguesa.



MARCIO NUNES EM ZICO

Certamente a entrada mais famosa do futebol brasileiro foi a de Marcio Nunes em Zico. O galinho de Quintino, em seu retorno ao Flamengo – em 1985 após passagem pela Udinese - tinha como objetivo evitar o tricampeonato carioca do Fluminense. Logo na segunda rodada, o rubro-negro tinha pela frente o Bangu, então vice-campeão brasileiro. O jogo seguia empatado em zero, quando Zico arrancou pelo meio campo, deixando Jair e Israel pelo caminho, até que surgiu Marcio Nunes voando com os dois pés em seu joelho direito. O resultado foi trágico: torção no joelho esquerdo e no joelho direito, pancada no perônio direito, entorse nos tornozelos e outras escoriações pelo corpo. Após o jogo, Marcio Nunes afirmou: "O choque foi forte...mas de frente. O zico armou o bote e eu procurei me defender.Se não fosse o Zico, acredito que ninguem estaria falando mais nisso". O certo mesmo é que Zico nunca mais seria o mesmo. Chegou ao mundial do México, em 1986, no sacrifício, onde acabaria sendo castigado pelos deuses do futebol com o erro na cobrança de penalti nas quartas de final frente aos franceses. Marcio Nunes, que um ano após o ocorrido mandou uma carta ao camisa 10 da Gávea se desculpando, encerrou a carreira precocemente, pois por essas ironias do destino, tomou um carrinho do vascaíno Fernando em 1988 e aos 25 anos foi aposentando por invalidez.