26 de novembro de 2010

Especial - Libertadores (2011) - Parte 1

Fique por dentro do que pode rolar na Champions League do 3º mundo! É com grande prazer que A Linha Burra inicia seus trabalhos com a nobre contribuição de nosso especialista em fútbol sulamericano, Felipe Bigliazzi

Canapés em Luque

Felipe Bigliazzi

A luxuosa sede da Conmebol, em Luque, no Paraguai, estava repleta. Nicolás Leoz e seus eternos puxa-sacos se esbaldavam com suculentos canapés, esperando as bolinhas definirem a sorte da próxima Libertadores. A entidade máxima do futebol sulamericano - tosca como só ela - consegue mesmo se superar. Com os campeonatos nacionais ardendo, a Conmebol definiu previamente as chaves do principal torneio interclubes, tornando a compreensão das chaves uma missão para Roberio de Ogum. É Peru 1 para lá, Equador 2 acolá, e um monte de interrogações que fazem da Libertadores uma eterna várzea.

Cornetagens à parte, podemos dizer que o principal prejudicado com este sorteio foi o Argentinos Juniors. O atual campeão argentino - e que teve a sua base desmontada após a saída de Claudio Borghi - caiu no grupo da morte, ao lado do Nacional de Montevidéu, do América do México e do próximo campeão brasileiro. A vida do clube do bairro portenho de La Paternal tem tudo para ser curta nesta Libertadores. Da equipe titular que levantou o troféu no estádio do Huracán, há exatos 12 meses, apenas cinco continuam no clube. São eles: Sabia, Prosperi, Oberman, Ortigoza - naturalizado paraguaio, que disputou a Copa do Mundo pela seleção guarani - e Mercier. O tridente sensação do ultimo campeonato argentino, Coria, Ismael Sosa e José Luis Calderón, seguiram em seus destinos, deixando o Argentinos Juniors. O meia-armador, Facundo Coria, se transferiu para o Villareal. Ismael Sosa, atualmente defende as cores do Gaziantepspor daTurquia, enquanto o máximo herói da conquista, José Luis Calderón, pendurou as chuteiras aos 39 anos. Sob o comando de Pedro Troglio - volante da seleção argentina na Copa de 1990 - o Argentinos Juniors faz campanha apenas regular no Torneio Apertura, onde ocupa a 11ª posição.

O Nacional do Uruguai - equipe que mais somou pontos ao longo de todas as edições da Copa Libertadores - vem forte na próxima temporada, a começar por seu treinador. Juan Ramon Carrasco é conhecido no Uruguai por seu ideal ultraofensivo, que fez do humilde River Plate de Montevidéu a sensação uruguaia das últimas temporadas. Comandando o clube de seu coração, Carrasco - como jogador defendeu o São Paulo no final dos anos 1980 - vem fazendo uma boa campanha no campeonato nacional (ocupa o 2º lugar, logo atrás do Defensor Sporting). O tricolor charrua conta em seu plantel com jovens promessas, como é o caso de Sebastián Coates. O zagueiro central já foi cobiçado por grandes clubes brasileiros após integrar o selecionado uruguaio. Robert Flores e Mirabaje formam a dupla de armadores do Nacional. Flores já teve passagem pelo futebol espanhol, além de uma fugaz campanha com a camisa do River Plate da Argentina. Mirabaje, que se destacou na última Libertadores defendendo as cores do Racing uruguaio, tem a chance de brilhar com a camisa do Nacional. O jovem teve oportunidade na equipe titular após a grave lesão de Marcelo Gallardo. O experiente meia argentino fraturou a perna e deve retornar aos gramados no inicio na próxima temporada.

O América do México conta com a 2ª torcida do país, assim como o investimento da Rede Globo (em termos de grandeza) asteca, a gloriosa Televisa, o que não deixa de ser um dado menor. Conta em seu caro elenco com o goleiro da seleção tricolor, Guillermo Ochoa, além de Pavel Pardo e José Martinez - ambos com passagens pela seleção. A dupla argentina formada por Matias Vuoso e Rolfi Montenegro é um dos trunfos das Aguilas, que ainda conta com a presença do ex-corintiano Rosinei. A equipe comandada pelo experiente Manuel Lapuente se classificou, no último dia 21, para as semifinais do campeonato mexicano, após bater o San Luis por 4 a 1.

Para engrossar o coreto neste grupo, nada mais, nada menos, do que o campeão brasileiro. A Conmebol, com suas politicagens mil, conseguiu colocar em um só grupo, o campeão argentino e o campeão brasileiro. Enquanto isso no Grupo 2, o Junior de Barranquilla - campeão colombiano - não precisará enfrentar nenhum campeão nacional. Viva a Conmebol, Nicolás Leoz e seus canapés de Luque.