2 de dezembro de 2010

Adeus, capita

Neste domingo, a Fiel viu pela última vez de perto um dos jogadores mais vitoriosos a levar a braçadeira

Paulo Marcondes

Quando William Machado de Oliveira chegou ao Corinthians, anunciado ao fim do dramático ano (para os alvinegros) de 2007 como uma das primeiras apostas de Mano Menezes - que ainda levara as incógnitas Alessandro e Herrera dos termpos de Grêmio -, o zagueiro já apresentava 31 anos. William era o homem de confiança do futuro treinador da seleção brasileira, e o escolhido a capitanear o alvinegro de volta à elite do balípodo brasileiro.

O beque - que antes de Porto Alegre passou por clubes de 2º e 3º escalão - gozava de uma posição confortável no tricolor gaúcho, onde era o capitão do atual bicampeão estadual e vice da Libertadores. Com a não classificação dos gremistas à edição de 2008 da Libertadores, William encerrou seu ciclo no Olímpico e arriscou o trono para tentar brilhar no eixo Rio-São Paulo.

Mais que isso. William chegou ao Parque São Jorge para herdar a braçadeira do maldito Betão - um desses atletas que carregaram um peso maior que o merecido nas costas -, símbolo do descenso corintiano. Desembarcou para servir de pilar a um projeto que começava do zero no clube mais pressionado do país, e em seu momento mais delicado.

E deu certo.

Deu certo pois o quarto zagueiro encontrou em Chicão as características ideais para apoiar sua lentidão - cada vez mais latente, conforme sua trajetória confirmou - e unir seu excelente posicionamento com a rapidez e bons desarmes do camisa 3, um termômetro do futuro-recém-aposentado. William não alcançou o mesmo desempenho nas ausências de Chicão, embora este não fosse o único responsável pelo sucesso do primeiro.

O capitão culto e formado em economia, que sempre levantou a bandeira dos direitos trabalhistas dos futebolistas profissionais, trouxe uma figura calma, racional e serena a um ambiente usualmente conturbado. Segurou o rojão de perdas significativas como a Copa do Brasil’08 e a Libertadores no centenário - e até mesmo a fase negra no nacional atual. E dividiu a responsabilidade de porta-voz do grupo com Ronaldo depois da chegada do atacante.

Seu casamento com clube e torcida deu mais certo que o de alguns de seus renomados antecessores. Carlos Gamarra, por exemplo, viveu sua melhor fase na carreira na temporada (1998/99, 80 partidas e uma taça) em que defendeu o alvinegro. E mesmo que William dificilmente seja lembrado com mais carinho que o paraguaio, o capitão do centenário encerrará uma passagem de três anos, 156 jogos e três (ou quatro) títulos, uma fase marcada como o renascimento do Corinthians com seu rosto tatuado na capa. O capita deu seu toque de Midas à maldita herança de Betão.

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